Barco de Madeira
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A “escultura” de barcos pelas crianças é uma prática documentada desde a antiguidade. Em “As Nuvens” de Aristófanes, o jovem Filípedes é apresentado a Sócrates, a fim de que o aceite como discípulo, pelo seu velho e “campónio” progenitor, em termos que o retratam como criança habilidosa desde a tenra idade, ainda que desajeitada par a oratória: “...trata de o ensinar, que o moço, no fundo é esperto: era ainda catraio, assim tamanhinho, e já moldava casinhas, esculpia barquinhos, construía carrinhos e das cascas de romã fazia rã que era um encanto vê-lo”. Nessa ou naquela modalidade, o barco continuou a ser um brinquedo popular, até aos nossos dias, em todas as partes do mundo onde este importantíssimo instrumento de trabalho e de comunicação era conhecido. Também na sua feitura pela criança, como nos restantes casos, as aprendizagens eram naturalmente estimuladas por todo um envolvimento cultural que acrescentava, sempre, aos materiais que a natureza oferecia e aos artefatos que o engenho humano gerava e dava a imitar, uma enorme herança na tradição oral, para além dos ensinamentos expressos, formava sensibilidades e atitudes, como nenhuma outra estratégia educativa o poderá fazer.
Fonte: AMADO, João. Universo dos brinquedos populares. 2. ed.. Coimbra: Quarteto, 2007. p. 110.
Vídeo – Como fazer um Barco com Palito de Picolé